Viagem é você esquecer o mundo real e entra nos dos sonhos
Tudo era novo, então fui vendo onde era minha poltrona e assim pude deixar minha mochila no seu devido lugar, sei que muitos deveriam pensar ser mais uma aventura de adolescente, já sentado esperando a partida olhava tudo pela janela do ônibus imaginando como seria essa cidade que escolhi para conhecer, ao meu lado sentou-se uma senhora muito educada me dando boa noite e eu prontamente a respondi, seria a minha companheira de viagem.
Bom, o ônibus começou seu caminho rumo a Cataguases, eu animado com essa viagem nem pensei o quanto de tempo levaria, mas isso a senhora ao meu lado disse, alguns minutos depois. Dona Efigênia, a senhora que falei anteriormente, lembram? Pois então, carinhosamente e cuidadosamente mostrava-me o álbum dos seus netinhos, talvez por perceber a minha ansiedade e nervosismo nessa primeira viagem e quase sem respirar contava-me as travessuras do netinho mais novo, no que eu a ouvia atentamente, pois de certo modo me ajudava acalmar.
As horas foram se passando, quando finalmente chegamos de viagem a cidade de Cataguases, me despedi de Dona Efigênia e comecei a olhar em volta na procura de um lugar aberto onde pudesse dormir, já eram duas horas da madrugada e a cidade estava deserta (soube mais tarde que todos dormiam cedo).
Andei para lá, pra cá e nada de encontrar uma pousada, hotel, ou qualquer estabelecimento que pudesse me abrigar até o dia amanhecer, numa dessas andanças avistei um senhor sentado na soleira de sua casa, com seu cigarro de palha na mão, ao chegar a sua frente, ele educadamente me deu um bom dia e disse chamar-se Januário, eu meio que assustado (aqui no Rio de Janeiro é fato raro cumprimentar estranhos), respondi ao seu bom dia e aproveitando já fui perguntando se conhecia algum lugar onde poderia me abrigar pelo menos naquela madrugada, pois estava chegando de viagem.
De repente o senhor Januário, se levantou me pedindo para que o aguardasse entrando logo em seguida na sua modesta casa, confesso que esse seu gesto inesperado me assustou, imaginei que tivesse entrado para pegar uma espingarda ou algo nesse gênero para me colocar pra correr, embora não tivesse feito nada para tal fato, mas como eu era um estranho naquela cidade vindo de viagem de uma outra onde a violência naquela época já era destaque nos meios de comunicação, só poderia ter esse tipo pensamento, todavia resolvi ficar a espera do senhor Januário, de repente as luzes de sua casinha acenderam, chega ele na porta com sua esposa Dona Eugênia que gentilmente me convida para entrar.
Desconfiado dessa da atitude deles entrei e qual foi a minha surpresa quando o senhor Januário me apresentou seus filhos Geraldino (mais velho), Francisco não bastando isso, ela tinha colocado uma mesa cheia de coisas deliciosas para que eu pudesse me alimentar, fiquei sem palavras, olhava aquilo tudo sem saber como reagir, estava realmente emocionado, todos tinham o semblante de ternura, me convidaram para aquele "lanchinho" para que eu pudesse me recuperar da viagem, sentaram em volta da mesa numa demonstração clara de acolhimento e começaram a contar coisas de sua cidade e suas "vidas", emocionado, não sabia como falar algo diante de tanta paz, ternura e encanto daquele momento.
Senhor Januário pediu a dona Eugênia que arruma-se um cantinho para eu dormir, Geraldino e Francisco me desejaram um bom descanso indo para seus quartos, assim que arrumei o meu "cantinho", senhor Januário e dona Eugênia despediram também se recolhendo, não sem antes me desejarem também um bom descanso. Acordei sonolento, pensei ser tarde, não tinha noção das horas, todos me deram bom dia, dona Eugênia apressou-se me servir café enquanto senhor Januário conversava comigo sobre a cidade, lugares que eu iria gostar de conhecer nessa minha viagem, durante o papo perguntei onde teria algum lugar para me alojar, mas o senhor Januário desconversava.
Assim foi se passando o dia, chegou a hora do almoço senhor Januário e dona Eugênia observavam a todos que estavam á mesa e eu me sentindo em casa, foi quando o senhor Januário pede a palavra, comunica que em conversa comigo, eu tinha aceitado ficar na casa deles, mais uma vez fui surpreendido e não sabia o que falar, mas todos gostaram da ideia e ficaram felizes por ter aceito o convite deles e assim foram-se os dias nessa minha viagem. Já me chamavam de irmão e o senhor e senhora Januário de "o filho carioquinha".
Quando chegou ao sétimo dia, tinha que ir embora, fazer a minha viagem de volta, sabia que seria difícil comunicar a eles sobre a minha partida, pois estava sendo pra mim também, enchi o peito de coragem e falei, nunca tinha falado tanto, acredito que estava acumulado desde a minha chegada, o senhor Januário me deu um abraço apertado e emocionado juntamente com sua esposa que não escondia as lágrimas, seus filhos (Geraldino e Francisco) me abraçaram e falaram: "Boa viagem irmão", Todos esses instantes foram de pura emoção com a promessa de uma volta (já cumprida) de rever essa família que tinha me "adotado" nessa minha viagem.
Tirei uma lição dessa minha primeira viagem, que pessoas do bem existem sim e não depende do seu poder aquisitivo ou cultural para ajudar e compartilhar amor, ternura, carinho, mas tão somente ter um coração puro, sem maldades, como a família do senhor Januário.
Beijos
Contos do Guri
Que bela história, faz a esperança de acreditar nas pessoas fluir, muito bonito o gesto dessa família de te acolher.
ResponderExcluirBom saber q nem tudo está perdido nesse mundo tão louco que vivemos!! Show!
ResponderExcluiroi!
ResponderExcluirviajar sempre é muito bom :D
Muito gentil essa família que te acolheu, precisamos de mais pessoas assim no mundo.
bjo
Viajar já é maravilhoso, e conhecer pessoas de bem é melhor ainda, principalmente num mundo maluco como o que estamos vivendo no momento ...
ResponderExcluirGostei da tua narrativa Rafa!
Bjos
Minda ❤ 😍 👍
Ameeeeeei demais seu jeito de escrever. A facilidade de expressão, de eloquência com singeleza.
ResponderExcluirTexto maravilhoso Rafa,uma linda história...Cataguazes...uma cidade mineira que quando era adolescente sempre ia lá,a cidade de meu saudoso pai...
Parabéns pela linda história.
Bjsss
Amei sua narrativa. é tão gostoso embarcarmos nos contos alheios.
ResponderExcluirBeijos!
Viajei contigo nesse conto, que família acolhedora.
ResponderExcluirNão conhecia esse seu blog, já dei uma espiada e achei muito legal.
ResponderExcluirDei uma olhada nas historias e me amarrei, vou voltar para ler com calma.
Essa narrativa da sua viagem me encantou e quis conhecer mais um pouco.
Parabéns pelo blog e pela historia tão bem escrita!
Bjinhos,
www.prosaamiga.com.br
Eu gosto muito de viajar, conhecer pessoas boas é melhor ainda. As vezes nos surpreendemos com as pessoas.
ResponderExcluirQue historia linda e emocionante.
ResponderExcluirTenho certeza que isso ficou na sua memoria pra sempre ne bjs
fiquei emocionada com o texto, acho muito importante conhecer novas pesosas e fazer novas amizades
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